As mãos que criam, criam o que?
Quando a mãe da gente tá grávida e fica com aquela barrigona
Aí fica o som dos bilros
Quando a gente nasce que vê os bilros diz:
Ah, isso que é renda!
Porque do som
Maria do Carmo – rendeira
A Associação de Artesãos de Saubara divide-se na produção de duas tipologias de artesanato: O trançado de palha e a renda de bilro. Cada qual com suas características individuais, utilizando matéria prima e técnicas diversas, conservam em comum o fato de serem ambas ocupações femininas, domésticas e passadas de mãe para filha.
O dia das mulheres de Saubara é ritmado pelas marés e suas horas dividem-se entre suas duas ocupações principais: o artesanato e a mariscagem. Atividades complementares, ocorrem em períodos opostos dos dia e o que determina os horários são as marés. Isso porque é o movimento das águas que definem a possibilidade de coleta dos mariscos, enquanto a renda ou o trançado completam o dia de trabalho.
O aprendizado da técnica é treino do corpo e encontra-se na relação geracional entre mãe e filha. Por serem uma técnica de raíz feminina e doméstica, as trocas ocorrem num ambiente de intimidade e os primeiros pontos se dão em tom de brincadeira. Aos poucos envolve-se no cotidiano produtivo, onde a geração de renda está intimamente costurada à valores afetivos.
Trançado de Palha
O trançado de palha em Saubara é tradição herdada das índias tupinambás, antigas habitantes da região. É uma técnica passada de mãe para filha e trabalha com a palha seca da palmeira de ouricuri ou licuri.
Após seca, a palha é trançada com de sete, onze ou quinze palhas, formando tiras de três larguras. As tiras prontas são unidas com auxílio de uma agulha de mocó e uma linha feita da própria palha, resultando em produtos diversos como bolsas, mocós, chapéus, esteiras e utilitários domésticos.
O desmatamento para loteamentos e pastagens, que tem sido constante na região, tem reduzido o número de palmeiras e dificultado o acesso das artesãs à matéria prima essencial para a produção.
Renda de Bilro
De herança portuguesa, a técnica de tecer com bilros – ou costurar a renda, como dito em Saubara – instalou-se em nosso território há mais de quatro séculos. Presente especialmente em cidades litorâneas, cada localidade desenvolveu características próprias, utilizando a técnica e explorando os materiais e instrumentos de maneira única.
A almofada cilíndrica é disposta em um suporte de madeira que alinha o trabalho à altura ideal para o corpo. A rendeira senta-se em frente à almofada que sustenta o risco e da qual pendem os bilros presos pela linha que formará a renda. Na dança dos bilros regida pelas hábeis mãos, os alfinetes vão definindo o caminho labiríntico, segurando o trançado que ganha forma. Os bilros podem ser feitos inteiramente de madeira, no torno, ou montados com semente de buri, uma árvore da região.
Quem cria?
Onde criam?
Foi disponibilizada na internet a Loja virtual: www.casadasrendeiras.org.br, construída através da parceria com o Instituto Popular do Recôncavo, com recursos do edital da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
A associação realiza cursos para jovens e adolescentes, com o apoio da Prefeitura Municipal de Saubara, com a qual é conveniada.
- A associação estabelece parceria com o Instituto Popular do Recôncavo para a realização do Projeto Recôncavo Sustentável.
- A associação torna-se Ponto de Cultura, pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
- Recebe o prêmio de construção do Arquivo virtual da Associação.
- Ganha o projeto Geração de renda que permitiu fazer a reforma da cozinha, construção do escritório e compra de equipamentos eletrônicos.
- Desde o início da pandemia, a associação produz máscaras de tecido e de renda de bilro, visando auxiliar a prevenção ao covid19.
A associação recebe da Prefeitura Municipal de Saubara, a reforma da casa do fundo.
A associação ganha mais uma vez, o prêmio TOP 100, do Sebrae do Rio de Janeiro.
Através da parceria com Marcia Ganem, modelos desfilaram com roupas de renda de bilro e bolsas de palha de Ouricuri.
Foi realizada uma nova reforma na sede da Associação, através da CAR financiado pelo BNDS.
A associação ganha o prêmio TOP 100, pelo Sebrae de São Paulo.
Associação estabelece parceria com a estilista Márcia Ganem para a confecção de roupas com renda de bilro.
Foi realizada uma reforma na sede com o apoio do IPHAN e a construção da casa do fundo, o que permitiu a ampliação do espaço.
A associação inicia convênio com a Prefeitura Municipal de Saubara, até os dias de hoje.
Foi constituída a Associação dos Artesãos de Saubara, com artesãos que trabalham com renda de bilro e de palha de ouricuri.
A Casa das Rendeiras promove diversos Cursos de Renda de Bilro para jovens, adultos e idosas.
Inauguração da sede da Casa das Rendeiras, na época com 83 rendeiras.
Início da construção da Casa das Rendeiras, com a doação da Paróquia São Quirino, através do Grupo Missionário de Correggio - Itália.